quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tenacidade: O ingrediente que nos falta.

O termo pode ser encontrado na física, como a energia mecânica necessária para levar um material à ruptura. Dá-se na proporção Tensão X Deformação. Também é um termo utilizado para definir um comportamento determinado, obstinado, perseverante. Em alguns casos pode até mesmo ser confundido com teimosia.

Esse atitude, podemos dizer com certa propriedade, faz muita falta na vida de muitas pessoas, que ainda ficam sentadas iludidas olhando para o céu esperando milagres que realizem seus sonhos ou alcancem seus objetivos. Muitos delegam para Deus, outros para os familiares, para a religião, e optam pela lei do menor esforço para ficarem preguiçosamente conformadas na situação atual, em uma verdadeira inercia mental, esperando as coisas acontecerem sem qualquer esforço próprio.

Temos muitos exemplos dessa natureza na vida. Vamos começar falando pela vida material. No mundo empresarial, que tenho alguma experiência. No segmento empreendedor é muito comum vermos pessoas determinadas, obstinadas, tenazes, que perseveram pelos seus objetivos. Olham as barreiras, depois olham para o alvo, e este dá aquela força para ultrapassarem todos os percalços do caminho. Não se desanimam pelo “não”. Existe um jargão muito repetido entre os empreendedores que diz que: o “não” você já tem, agora corra atrás do “sim”. O “não” para eles, muitas vezes é um combustível, que o faz recuar, analisar, melhorar e atacar novamente, com o objetivo de conquistar um “sim” que lhes refrigere a alma. Ocorre que muitos que olham, de certa forma até sentem inveja, e querem fazer o mesmo, olham os resultados finais, mas não conseguem imaginar - ou não querem - o trabalho e a dificuldade que foi construir todo aquele império. Querem fazer o mesmo, com a lei do menor esforço, normalmente, optam por criarem negócios próprios e acabam se frustrando, porque não perceberam que além da técnica, existe ali uma característica comportamental que precisam desenvolver – a tenacidade.

Na vida espiritual não é diferente. Para nós que somos espíritas, muitas vezes olhamos grandes ícones como Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira, que executam trabalhos lindos, com uma doçura exemplar, e que são admirados por todos. Muitos de nós pensamos de pronto: “quero fazer igual ou ao menos parecido”, mas não consideramos que para chegarmos a executar um trabalho desta natureza, sofre-se muito com a abnegação, com a rejeição de alguns grupos, com as noites em claro estudando, com a disciplina do trabalho, e que acima de tudo, é preciso muita tenacidade, com aquele desejo ardente de chegar lá, não desanimando jamais. Principalmente quando nos colocamos à disposição do trabalho do bem! Aqueles amigos invisíveis que ainda se comprazem na ausência do bem, olham e debocham, acreditam que não deveríamos desempenhar tal trabalho e começam a nos dirigirem pensamentos que nos levam a desistir. Aí nessa situação, mais ainda é preciso tenacidade – além de fé.

Tenacidade. É um comportamento que devemos desenvolver, sim! Porque devemos traçar projetos na vida, principalmente espiritual, que nos façam pessoas melhores, que nos levem a pensarmos mais nos outros, que gerem frutos para todos, não só para nós! E se pelo menos já soubermos o que queremos, é porque já teremos estudado, conversado, refletido e compreendido como pode ser útil para nós e para os que nos cercam a nossa empreitada. Entretanto, não basta deixar no papel, é preciso executar, desempenhar as atividades necessárias para que o objetivo seja alcançado, por mais que às vezes parece ser difícil e até mostrar características de impossibilidade, não podemos fraquejar. Isso porque tarefas fáceis todos fariam, se fosse fácil, não precisaríamos ter a faculdade de pensar e sentir! A tarefa não é fácil porque exige qualidades e virtudes que não é qualquer um que as possui, mas que nós a possuímos de forma latente e bastando apenas desenvolvê-la com sabedoria!

Não devemos impor-nos barreiras para os nossos objetivos, temos que demovê-las! Não precisamos também sermos perfeitos para o trabalho no bem. Se assim fosse, aqui na Terra não teria um só que seria digno de estar na frente de grupos religiosos, ministrando palestras, passes, orações pelos necessitados, etc. Porque como é sabido, estamos em um planeta onde ainda o mal está sobrepujando o bem, e que ser exemplo de perfeição não é uma realidade nossa e é muito mais fácil ficar no mal. Portanto não devemos esperar a perfeição, mas trabalhar no bem com as ferramentas que possuímos, com obstinação, perseverando e sabendo que os frutos dos nossos trabalhos serão consumidos por diversas pessoas, e aí então teremos alcançado a condição de verdadeiros trabalhadores do bem!

“Ninguém ascende às alturas sem antes enfrentar as baixadas mais sinistras e traiçoeiras!”
(Joana De Ângelis)