sábado, 28 de julho de 2012

A Carne é Fraca


“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. (Jesus)”
Mateus 26:41

O argumento de que a “carne é fraca” é bastante utilizado pelos nossos irmãos de jornada, que não querem investir esforços para domar suas más tendências, isso é um fato. Valem-se das próprias palavras de Jesus como se isso os justificasse perante suas consciências, deixando-os cada vez mais comprometidos com seus atos, que, cedo ou tarde, prestarão contas no tribunal de suas consciências.

Não é para falar deste gênero de comportamento que nos propusemos a escrever, pelo contrário, é para tentar entender o que Jesus quis dizer com tais palavras, tão reais e atuais, que muitas vezes encaixam como luva para nós mesmos, que muitas vezes buscando nossa espiritualidade e conhecimento interior, caímos, sem qualquer resistência, nas paragens das más inclinações que nos acompanham.


Importante é ressaltar que Deus nos criou Espíritos, destinados à Imortalidade. Dentro de seus desígnios, que já nos é dado conhecer, trouxe-nos a possibilidade de evoluirmos, diante da Lei das Vidas sucessivas – reencarnação. Para muitos já não é novidade que através da reencarnação iremos depurando-nos, aprendendo cada vez mais as grandes lições da vida, além de possibilitar-nos a grande oportunidade de repararmos, devido aos nossos atos equivocados, as falhas que havemos cometido nessa ou noutra jornada rumo à perfeição.

Nossa experiência vai aumentando, tanto positivas quanto negativas, e a cada vez que retornarmos ao corpo, suas reminiscências ficarão muito presentes na nossa consciência (ou inconsciência), ditando-nos determinados comportamentos, que podem ser bons ou ruins, dependendo da força da impressão com que os comportamentos tenham se firmado em nossa consciência.

Naturalmente, num mundo de provas e expiações, estamos fadados a enfrentar todas as adversidades possíveis, são verdadeiros testes que nos colocarão à prova, para saber se aprendemos ou não a lição. Às vezes aprendemos e passamos por cima, outras vezes falhamos. Seja porque ainda precisamos de mais “treinamento”, seja porque devemos nos conhecer mais para não nos deixarmos influenciar pelas ideias exteriores.

Para ilustrarmos, vamos citar uma situação hipotética onde nós tenhamos tido uma difícil experiência recorrente de várias vidas em relação à sexualidade mal aplicada (assunto mais comum para justificar que a carne é fraca). Estas tendências ficarão bem gravadas na nossa consciência. Ao reencarnamos, deparando-nos com situações onde nos provamos neste campo, nossas inclinações aflorarão às vezes tão fortes, que não conseguiremos resistir e, fatalmente, somando mais um item para a reparação das nossas dificuldades...
Podemos dizer que a carne é fraca? Vejamos...

Quando estamos nos preparando para reencarnar, nós realizamos diversos “treinamentos” para nos ajudar no enfrentamento das dificuldades enquanto encarnado nos campos em que somos frágeis. Ao reencarnarmos, temos bastante medo, porque sabemos que a privação dos sentidos em decorrência da bruteza da carne (e inferioridade do Espírito) fará com que nós tenhamos apenas lampejos do que nós precisamos superar, ou apenas as intuições dos nossos amigos espirituais nos guiando pelo caminho que está no nosso planejamento. Embora essas intuições são muitas vezes negligenciadas por estarmos tão materializados...

O espírito em si, está pronto, preparado para enfrentar as durezas das provas e expiações. Talvez se sinta impelido a determinadas ações devido às vibrações que lhes são familiares, mas pela força da sua vontade, precisará suplantar suas más inclinações. Muitas vezes, ajudado pelo contexto social, pelos fatores externos (espirituais e materiais) e pelos próprios hormônios que servirão de propulsão a praticar o ato que se propôs a não praticar, acabará sucumbindo, somando mais um ponto à coluna de débitos na sua ficha de créditos e débitos, a ser reparado nas suas experiências...

Onde a carne é fraca, então? Ela é fraca desde o momento que não nos permite estar em contato mais íntimo com a espiritualidade, distinguindo vibrações boas das ruins para nos protegermos com mais facilidade, somado aos fatores químicos e biológicos que nos impelirão a satisfazer as nossas más inclinações.

Por isso, devemos nos sentir culpados? Pecadores sem solução? Vejamos...

Simão Pedro, o apóstolo amado de Jesus, já consciente de suas grandes responsabilidades traçadas no plano espiritual, seguiu Jesus e foi um ardoroso divulgador da boa nova. Tinha seus méritos espirituais. Tinha grande envergadura espiritual para acompanhar o mestre, mas, quando questionado se era seguidor de Jesus, o negou três vezes.

Tomé, quando viu a materialização de Jesus, junto dos demais discípulos, não acreditou, e manifestando sua incredulidade, foi necessário Jesus pedir que o tocasse para constatar a Verdade.

Judas Iscariotes, apóstolo de Jesus, na ânsia de ver o Reino de Deus implantado na Terra, entregou Jesus, seguidamente suicidou-se.

No episódio da crucificação, quase todos sumiram!

O próprio Saulo de Tarso, posteriormente conhecido por Paulo de Tarso, até se encontrar com Jesus às portas de Damasco, não conseguia sair do condicionamento em que foi criado, de caçar cristãos e matá-los. No entanto, sem ele, talvez o Evangelho não tivesse tomado proporções tão grandes como tomou, em diversas partes do mundo.

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Depois de tantos relatos, não só no Evangelho, mas em outras literaturas sobre espíritos de escol que se responsabilizaram em vir a Terra em missão sublime e sucumbiram, não nos devemos sentir tão fracos e tão mesquinhos, como muitas vezes sentimos. O fardo do corpo físico nos impõe limitações que inibem nossas percepções espirituais. A influência das sombras (externas e internas) tem papel importante nestas ocasiões.
O que nos difere dos discípulos, é que eles não ficaram presos na culpa. Perdoaram-se e continuaram suas jornadas.

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Jesus, no entanto, não espera que sejamos perfeitos para começarmos a trabalhar na sua obra. Mesmo os seus discípulos enfrentaram as suas dificuldades, mas após encontrarem em si mesmo a força que os levariam a Deus, lançaram mão ao arado e não olharam para trás. Continuaram, sem culpa, sem ressentimentos, resgatando seus débitos e não mais pecando.

Estamos sujeitos às diversas influências de ordem física e espiritual, mas Deus nos concedeu nosso querido irmão Jesus para nos ensinar que devemos orar e vigiar, porque no mundo teríamos aflição, mas que tenhamos fé, pois Ele venceu o mundo.

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